“Ô 1º de abril lascado,
que num termina nunca, rapá!
Pra alguns do Brasil todo dia é 1º de abril,
pro Brasil de alguns todo dia é 1º de abril.”
(É Mentira – Apocalipse 16)
Vamos celebrar a data mais hipócrita do ano! Literalmente. Comemorar o Dia da Mentira é tão irônico quanto um padre dizer que não discute sobre religião. É algo tão rotineiro que não tem cabimento.
Mas, como de costume, a gente gosta do que não tem cabimento. Gosta de vuvuzela, gosta da metralhadora, gosta da Melody, gosta do “tá tranquilo, tá favorável”, gosta de big brother, gosta de polemizar tudo. E gosta do Dia da Mentira. Porque ser falso nos outros 364 dias do ano não basta.
O Dia da Mentira homenageia a máscara que usamos ao longo da vida. Sim, essa máscara que a gente coloca quando finge ser honesto, vai pra rua contra a corrupção, espalha fofoca sobre nosso melhor amigo, trai a namorada, oculta bens no Imposto de Renda, não devolve troco dado a mais, fura fila, não procura o dono de uma carteira perdida, compra DVD pirata ou qualquer produto roubado, só porque é mais barato.
1º de abril, pra quê? Nesse mundo traiçoeiro, só um dia pra celebrar a falsidade é pouco. Bem pouco.
— Jayane Condulo.
Rotineiras 